Com a presença de religiosos e fieis de várias
paróquias do Recife, que lotaram as galerias e o plenário, a Câmara Municipal
do Recife realizou reunião solene na manhã desta quinta-fera, 5, para debater a
Campanha da Fraternidade 2015, que tem como tema “Fraternidade: Igreja e
Sociedade” e lema “Eu vim para servir”. A iniciativa foi do vereador Aerto Luna
(PRP), para quem a Casa José Mariano não poderia deixar de discutir o tema
proposto pela campanha, “uma vez que o assunto é de grande relevância social e reflete
a dimensão da vida em sociedade que se baseia na convivência coletiva, com leis
e normas de condutas, organizada por critérios e, principalmente, com entidades
que cuidam do bem-estar daqueles que convivem”.
A solenidade começou às 9h30, sob a presidência do
vereador Vicente André Gomes (PSB), também presidente da Câmara Municipal do
Recife. A mesa foi composta pelo secretário de Relações Institucionais da
Prefeitura do Recife, Fred Oliveira, que representou o prefeito Geraldo Julio;
pelo bispo auxiliar da Arquidiocese de Olinda e Recife, dom Antônio Tourinho
Neto, representante do arcebispo dom Antônio Fernando Saburido; pelo padre
Hélio Nascimento, da Igreja Torres Galvão, de Paulista; e vereador Eurico Freire
(PV). O objetivo geral da Campanha da Fraternidade, lembrou Aerto Luna, é
aprofundar, à luz do Evangelho, o diálogo e a colaboração entre a Igreja e a
sociedade, propostos pelo Concílio Ecumênico Vaticano II, como serviço ao povo
brasileiro, para a edificação do Reino de Deus.
Aerto Luna lembrou que a Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil (CNBB) promove anualmente, no período da quaresma, a Campanha
da Fraternidade para convidar a refletir e meditar a relação entre a igreja e a
sociedade. “Na mensagem de abertura da campanha, o papa Francisco fala sobre a
importância da Igreja sem esquecer a autonomia das realidades terrenas,
conforme motiva a doutrina social, em vista do bem do ser humano. Ele disse que
cada um deve fazer a sua parte, começando pela sua casa, pelo trabalho, junto
das pessoas com quem se relaciona e que é preciso ajudar aqueles que são mais
pobres e necessitados”. Segundo o vereador, a aplicação do tema da campanha
deste ano “incentiva o compromisso e a solidariedade”.
O vereador ressaltou, ainda, que o texto-base da
Campanha da Fraternidade 2015 diz que a urbanização da sociedade brasileira foi
muito rápida. “Em 1940, a população urbana era restrita a 31%; em 1960, a 45% e
hoje está em torno de 85%. Cerca de 44% dos brasileiros vivem nas regiões
metropolitanas. Esse crescimento acelerado caracterizou-se pela falta de
planejamento e resultou em sérios problemas como favelização, poluição,
violência, enchentes e precárias condições sanitárias e de mobilidade. A rápida
urbanização da sociedade brasileira não foi acompanhada de adequadas políticas
de moradia. De acordo com o arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando
Saburido, é diante de preocupantes dados estatísticos como esses que a igreja
precisa exercer sua missão profética”, disse.
Após o discurso do vereador Aerto Luna, o bispo
auxiliar da Arquidiocese de Olinda e Recife, dom Antônio Tourinho Neto, disse
que o tema da Campanha da Fraternidade tem como objetivo inserir a campanha nas
comemorações do jubileu de ouro do Concílio Vaticano II, com base nas reflexões
propostas pela Constituição dogmática Lumen Gentium e pela Constituição
pastoral Gaudium ET Spes, que tratam da missão da Igreja no mundo. “A campanha,
com um olhar otimista, deseja auxiliar os homens e as mulheres de boa vontade a
aprofundar, à luz do Evangelho, o diálogo e a colaboração entre a Igreja e a
sociedade, pois a Igreja sempre foi e deseja continuar sendo servidora da
sociedade e da humanidade no que diz respeito à promoção da Justiça e da paz
para todos em favor do Reino de Deus. A igreja, segundo a Constituição Pastoral
Guadium ET Spes tem o direito e o dever, segundo a missão que lhe é própria, de
colaborar com a sociedade”, disse.
O tema da Campanha da Fraternidade 2015, acrescentou
o bispo auxiliar da Arquidiocese, pensa numa igreja dialogante com o mundo.
“Uma igreja como indica o Documento de Aparecida: em estado permanente de
saída, de dentro para fora, que vai ao encontro do diferente para propor Cristo
‘Luz dos povos’. A Igreja é a portadora da misericórdia de Deus para o mundo,
por isso quando se trata de problemas sociais, em sua agenda, precisam entrar
forte em temas preocupantes e alarmantes que atingem os povos, como, por
exemplo, o tema da miséria que aflige uma grande parte da humanidade; a
proteção dos direitos fundamentais humanos, o bem comum, promoção e defesa da
justiça social, as lutas em favor da preservação das fontes naturais do
Planeta, a posição da Igreja sistematicamente contra a corrida armamentista, a
superação da violência e a construção da paz, o desenvolvimento dos povos, o
acesso à cultura e à educação; a indignação contra todo tipo de opressão, de
trabalho escravo e tráfico humano, a vigilância em relação à exploração sexual
infantil e a violência contra as mulheres, crianças e idosos; participação na
reforma política em nosso país, as denúncia proféticas contra todo escândalo e
toda corrupção no mundo da política, a lei da ficha limpa etc”, disse.
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