quinta-feira, 5 de março de 2015

Câmara realiza solene pela passagem da Campanha da Fraternidade

Com a presença de religiosos e fieis de várias paróquias do Recife, que lotaram as galerias e o plenário, a Câmara Municipal do Recife realizou reunião solene na manhã desta quinta-fera, 5, para debater a Campanha da Fraternidade 2015, que tem como tema “Fraternidade: Igreja e Sociedade” e lema “Eu vim para servir”. A iniciativa foi do vereador Aerto Luna (PRP), para quem a Casa José Mariano não poderia deixar de discutir o tema proposto pela campanha, “uma vez que o assunto é de grande relevância social e reflete a dimensão da vida em sociedade que se baseia na convivência coletiva, com leis e normas de condutas, organizada por critérios e, principalmente, com entidades que cuidam do bem-estar daqueles que convivem”.



A solenidade começou às 9h30, sob a presidência do vereador Vicente André Gomes (PSB), também presidente da Câmara Municipal do Recife. A mesa foi composta pelo secretário de Relações Institucionais da Prefeitura do Recife, Fred Oliveira, que representou o prefeito Geraldo Julio; pelo bispo auxiliar da Arquidiocese de Olinda e Recife, dom Antônio Tourinho Neto, representante do arcebispo dom Antônio Fernando Saburido; pelo padre Hélio Nascimento, da Igreja Torres Galvão, de Paulista; e vereador Eurico Freire (PV). O objetivo geral da Campanha da Fraternidade, lembrou Aerto Luna, é aprofundar, à luz do Evangelho, o diálogo e a colaboração entre a Igreja e a sociedade, propostos pelo Concílio Ecumênico Vaticano II, como serviço ao povo brasileiro, para a edificação do Reino de Deus.

Aerto Luna lembrou que a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) promove anualmente, no período da quaresma, a Campanha da Fraternidade para convidar a refletir e meditar a relação entre a igreja e a sociedade. “Na mensagem de abertura da campanha, o papa Francisco fala sobre a importância da Igreja sem esquecer a autonomia das realidades terrenas, conforme motiva a doutrina social, em vista do bem do ser humano. Ele disse que cada um deve fazer a sua parte, começando pela sua casa, pelo trabalho, junto das pessoas com quem se relaciona e que é preciso ajudar aqueles que são mais pobres e necessitados”. Segundo o vereador, a aplicação do tema da campanha deste ano “incentiva o compromisso e a solidariedade”.

O vereador ressaltou, ainda, que o texto-base da Campanha da Fraternidade 2015 diz que a urbanização da sociedade brasileira foi muito rápida. “Em 1940, a população urbana era restrita a 31%; em 1960, a 45% e hoje está em torno de 85%. Cerca de 44% dos brasileiros vivem nas regiões metropolitanas. Esse crescimento acelerado caracterizou-se pela falta de planejamento e resultou em sérios problemas como favelização, poluição, violência, enchentes e precárias condições sanitárias e de mobilidade. A rápida urbanização da sociedade brasileira não foi acompanhada de adequadas políticas de moradia. De acordo com o arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido, é diante de preocupantes dados estatísticos como esses que a igreja precisa exercer sua missão profética”, disse.

Após o discurso do vereador Aerto Luna, o bispo auxiliar da Arquidiocese de Olinda e Recife, dom Antônio Tourinho Neto, disse que o tema da Campanha da Fraternidade tem como objetivo inserir a campanha nas comemorações do jubileu de ouro do Concílio Vaticano II, com base nas reflexões propostas pela Constituição dogmática Lumen Gentium e pela Constituição pastoral Gaudium ET Spes, que tratam da missão da Igreja no mundo. “A campanha, com um olhar otimista, deseja auxiliar os homens e as mulheres de boa vontade a aprofundar, à luz do Evangelho, o diálogo e a colaboração entre a Igreja e a sociedade, pois a Igreja sempre foi e deseja continuar sendo servidora da sociedade e da humanidade no que diz respeito à promoção da Justiça e da paz para todos em favor do Reino de Deus. A igreja, segundo a Constituição Pastoral Guadium ET Spes tem o direito e o dever, segundo a missão que lhe é própria, de colaborar com a sociedade”, disse.


O tema da Campanha da Fraternidade 2015, acrescentou o bispo auxiliar da Arquidiocese, pensa numa igreja dialogante com o mundo. “Uma igreja como indica o Documento de Aparecida: em estado permanente de saída, de dentro para fora, que vai ao encontro do diferente para propor Cristo ‘Luz dos povos’. A Igreja é a portadora da misericórdia de Deus para o mundo, por isso quando se trata de problemas sociais, em sua agenda, precisam entrar forte em temas preocupantes e alarmantes que atingem os povos, como, por exemplo, o tema da miséria que aflige uma grande parte da humanidade; a proteção dos direitos fundamentais humanos, o bem comum, promoção e defesa da justiça social, as lutas em favor da preservação das fontes naturais do Planeta, a posição da Igreja sistematicamente contra a corrida armamentista, a superação da violência e a construção da paz, o desenvolvimento dos povos, o acesso à cultura e à educação; a indignação contra todo tipo de opressão, de trabalho escravo e tráfico humano, a vigilância em relação à exploração sexual infantil e a violência contra as mulheres, crianças e idosos; participação na reforma política em nosso país, as denúncia proféticas contra todo escândalo e toda corrupção no mundo da política, a lei da ficha limpa etc”, disse.

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