Nem parece, mas ela é uma jovem senhora. Acabou de completar
35 anos de muito frevo, música símbolo de Pernambuco, único Estado brasileiro
multicultural, pela diversidade que apresenta nas artes do país. A nata da
história dessa música que se confunde com o maxixe, polca, jazz e tantos outros
sons, arrebanhou grandes nomes ao plenário da Câmara do Recife, na quinta feira
16. Só para citar alguns, vieram prestigiar o evento Claudionor Germano,
Gustavo Krause, Maestro Ademir Araújo, conhecido como Formiga, músicos, a
vereadora Isabella de Roldão, Vicente André Gomes, presidente da Casa, o
historiador Leonardo Dantas, criador da Frevioca, passistas e muito mais gente
de peso, que não abre mão do nosso frevo.
A homenagem solene foi proposta pelo vereador Eurico Freire
(PV), que contou uma breve história da alegria que anda e se movimenta em um
pequeno caminhão com formato de bonde, repleto de frevo. Eurico lembrou que a
Frevioca de então era apenas um caminhão decorado, com amplificadores de som e
uma orquestra de 32 músicos, regida pelo maestro Ademir e tinha como cantor
Claudionor Germano. “Depois ela passou para uma carroceria de ônibus e sem
seguida para a de um bonde, marca registrada do Recife antigo. Com tanto
sucesso, em 2007 foi criada a Freviova II. Elas revisitam o frevo e cairam no
gosto popular. São requisitadas em outros períodos, como São João, Natal, além
do Carnaval”.
O Secretário Municipal de Turismo, Camilo Simões, disse que
era uma ousadia da parte dele falar para audiência repleta de pessoas ilustres
e conhecedoras do frevo, mas era um dever falar sobre esse instrumento de nossa
cultura tão ao gosto da população. E foi o que ele fez. “A Frevioca não
pertence a ninguém, ela é da cidade. Ela se tornou ícone de nossa cultura”.
Leonardo Dantas contou que a ideia surgiu pensando em uma orquestra pequena que
se deslocasse, tinha 32 músicos e um maestro. “Logo pensamos em ampliar esse
sonho e aí surgiu a ideia de uma orquestra volante, que fosse ao encontro do
povo. E assim foi”.
Maestro Ademir Araújo, o formiga, faz parte dela desde o
começo, quando nem era Frevioca. Pare ele, depois dessa homenagem ela começa a
ressurgir. Falou do caráter social que a Frevioca pode ter e ajudar no resgate
de crianças e adolescentes. Rômulo Menezes, presidente do Galo lembrou da
irmandade entre Galo e Frevioca. Nasceram praticamente juntas - Galo tem 37
anos e a Frevioca 35 – e desfilam desde então. “Quero nessa homenagem
representar todos os blocos e foliões que puderam desfrutar da Frevioca”.
Gustavo Krause, que carrega tantos títulos, era prefeito na
época da criação da Frevioca. Ele deu a maior força para ela existir. Falou do
tempo híbrido de Gilberto Freyre que une passdo, presente e futuro. “À época,
fui ouvir pessoas notáveis, ícones de nossa cultura porque queria levar a
música à periferia. Mas tinha receio de como seria recebida. Mas se damos
coisas boas, as pessoas gostam. Conseguimos e com isso democratizamos a música,
esse instrumento divino. O Frevo é nossa identidade cultural. O Brasil tem o
samba, a Argentina, o tango, os americanos, o Jazz. Nós pernambucanos temos o
Frevo, e a Frevioca é parte disso”.